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ATAQUE ÀS TORRES GÊMEAS
Texto de Lúcia Rocha, publicado em setembro de 2006, no jornal PÁGINA CERTA.
"Ataque às torres gêmeas de NY completará cinco anos". Avisa o UOL. E remete aquele dia. São Paulo amanhecera cinzento, garoando. Diferente.
Combinara almoçar com um amigo. Teixeira era divulgador de gravadora e há tempos esse almoço havia sido adiado. Agora daria certo. E deu. Não como a gente gostaria. Como chovia, saí mais cedo. Na Avenida Tiradentes, trânsito lento. O rádio do carro ligado na CBN.
Informação dá a entender que um avião perdido no espaço aéreo de Nova York, batera numa das torres gêmeas. Trânsito parado, chuva fina, motoristas entreolhavam-se. Indignados. Parecia que estavam ouvindo a mesma rádio.
Em meio àquela melancolia, eis que o noticiarista em seguida, diz que outro avião atingira a segunda torre gêmea.
No meio daquela lentidão, céu cinza, uma notícia inacreditável. Motoristas agora atônitos. E o trânsito lento, lento.
Arrependera de estar no carro. Fazendo não sei o quê. Valeria a pena continuar? Seguir em frente? Teixeira aguardava e insistira tanto...
Entrando na Avenida 23 de Maio, o trânsito aos poucos foi melhorando. Repórteres narravam o fato, agora eles olhavam as imagens num aparelho de televisão. Descreviam cada detalhe.
Mais um avião atinge o Pentágono. Tudo muuuuuuito estranho mesmo.
Já no estacionamento, esquecendo por instante o que ouvira na rádio. Logo Teixeira veio à recepção da gravadora e nem tocamos no assunto. Chegando à sua sala, eis um aparelho de televisão enooooorme. Mostrando o que ouvira no rádio há minutos.
Chamamos Malu, secretária de Teixeira, para almoçar. A pé. Que papo mais bobo. Almoço chato. De bom mesmo, só a companhia deles.
Se pudesse deletaria aquele dia. Nos próximos onze de setembro lembrarei que almocei com Teixeira e Malu.
À noite, numa rádio, um pastor tentava explicar. Disse que a Bíblia conta que havia um personagem bastante rico. Um dia ele acordou com uma idéia: estragar tudo para começar de novo. Pois a vida estava muito chata.
Não sei quantos mil anos depois, um maluco resolveu fazer a mesma coisa. Que chato!
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