Zé Mendes

                               ENTREVISTA COM JOSÉ MENDES

        Na próxima sexta, 23, o empresário José Mendes inaugura mais um posto de combustível,  agora na Avenida Prudente de Morais, em Natal, em frente ao novo Estádio Arena das Dunas.
        Segue uma entrevista que fiz com ele, quando o empresário nutria um desejo de vir a se candidatar a prefeito de Mossoró nas eleições de 2004, o que não veio a acontecer. Nesse tempo, Zé Mendes, como faz questão de ser chamado, comercializava combustível em Mossoró e Natal, além de gás de cozinha, ração para animais, tinha fazenda no Maranhão, para onde se deslocava guiando veículo importado, de cabine dupla.
         Hoje, Zé Mendes continua comercializando combustível, com uma rede de postos em Mossoró, Natal e Fortaleza. Desistiu do negócio de gás de cozinha, adquiriu outra fazenda no Mato Grosso e um avião para visitá-la juntamente com a do Maranhão. 
         Confira o perfil de Zé Mendes, publicado na Gazeta do Oeste, em 2003.  Tirei essas fotos no ano passado, na inauguração do Posto 30 de Setembro, na Avenida Rio Branco, em Mossoró. Nas fotos, Zé Mendes com a esposa, Lourdinha. 
         






















        “Tenho certeza absoluta que o próximo prefeito de Mossoró chama-se Zé Mendes. Se Deus quiser eu sou prefeito de Mossoró. Podem fazer o teste com os pretendentes a prefeito daqui. Quem está em primeiro lugar é Zé Mendes. Não tenho medo de errar e não estou contando nenhuma vantagem”.     
         O autor da frase acima não é nenhum membro ou agregado da família Rosado, Maia, Alves e muito menos alguém que exerceu ou exerce algum cargo público na cidade. Pelo contrário, é alguém sem experiência pública nenhuma. Ele fala na terceira pessoa e trata-se de um empresário que esquentou o banco escolar o suficiente para aprender a ler. Mas nem por isso deixou de ir à luta e é um vencedor no ramo empresarial como atacadista de cereais, tem uma de rede de postos de combustíveis, tem negócios no ramo imobiliário, uma concessionária de botijão de gás e é agropecuarista no Estado do Maranhão. 
         José Mendes da Silva, mais conhecido como Zé Mendes, não é um Zé qualquer. Ele é daqueles empresários feitos sozinhos, os chamados self made man, donos de uma intuição para os negócios, que não têm hora para começar, nem terminar o dia. São homens que vivem para o trabalho, que já passaram muitas dificuldades na vida, de toda espécie, porém não se contentam com o destino dado ao dinheiro público e resolvem se engajar numa campanha política, em busca de um espaço, concorrendo com oligarquias ou com pessoas bem nascidas financeiramente, numa tentativa de fazer render o dinheiro público, tanto quanto sabem render e multiplicar os seus próprios negócios.
         Além desses predicados, Zé Mendes é um homem bem humorado, irreverente, brincalhão, que até agora não conta com nenhuma estrutura de assessores para consolidar a sua candidatura. Sozinho, por enquanto, caminha disposto a assumir um dia o comando da cidade. Para isso, conta com o seu público ouvinte, que tem acordado nas madrugadas de segunda a sábado, para ouvir suas opiniões na Rádio Difusora.        
         Dizendo estar estudando suas ideias, inclusive já está procurando um substituto para comandar suas empresas a partir de janeiro, quando pretende se dedicar exclusivamente à sua eleição para o Palácio da Resistência, ele insiste: “Eu quero ser prefeito de Mossoró, não é por vaidade pessoal. Quero dar uma contribuição melhor para a cidade. Não vou dizer que vou resolver todos os problemas. Mas vou usar de todos os meios para fazer mais do que tenho contribuído. Em todas as áreas vou melhorar o serviço público. Tenho um carinho especial pelo professor da rede de ensino. Preocupo-me em como melhorar a vida do homem do campo, que é muito sofrido, abandonado pelos poderes públicos. Vou dar tudo de mim pela área social”, assim Zé Mendes explica a sua plataforma eleitoral.
         Sobre o seu vice, Zé Mendes pensa num comerciante, um homem direito, de  passado limpo: “Se não conseguir essa pessoa, vou procurar uma mulher, de preferência uma professora. Eu estimo o professor e gostaria de convidar uma professora para ser minha vice-prefeita”. Sobre o seu secretariado ele diz que tem que ser de Mossoró: “Não vou importar secretário, não! Mas acima de tudo tem que ser honesto”, exige.
         Atualmente filiado ao PDT – Zé Mendes já está de malas prontas para outro partido: “Quero ser o comandante, ter um partido em minhas mãos, porque tenho medo de levar uma rasteira lá na frente”, brinca.   
         Sobre a vida pessoal ele se solta: “Minha vida é um livro aberto, comecei a trabalhar com seis anos de idade, arrancando casca de angico, para curtir pele de animal. Precisava apurar um dinheirinho e trazer para casa”, recorda.  Desse tempo tem uma cicatriz que carrega num dedo, após machucar-se com um martelo.  Hoje, aos sessenta e três anos de idade dá através de suas empresas, noventa empregos diretos, em Mossoró, Natal e no Maranhão. Até o final do ano serão mais dez empregos, em sua concessionária de gás de cozinha.
         Natural da zona rural de Assu, filho de agricultores já falecidos, Leônidas Mendes e Júlia Batista Mendes, que tiveram dez filhos.  Em 1949, aos nove anos de idade, Zé Mendes migrou com a família para a zona rural de Mossoró, mais precisamente para Passagem de Pedra.
          Naquela época o pai já aconselhava os filhos para estudar, mas a preocupação com a sobrevivência fez o pequeno Zé Mendes, caçula dos homens,  ir à luta e fazer de tudo um pouco. Aos doze anos de idade resolveu ser trabalhador braçal: “Papai me botava em cima de um jumentinho, com uma cangaia, para eu vender o meu feijãozinho, tomatezinha. Aí quando terminava de vender aqui no mercado central, eu ia pegar baldo de feira. Já carreguei muito baldo para sêu João Cantídio, Humberto Mendes, Manoel Negreiros e outros. Também já entreguei leite numa jumentinha de porta em porta. Um trabalho honrado”, reconhece.     
          As primeiras letras aprendeu com três professoras particulares, pois não havia escola pública por onde morou na infância. Não satisfeito com o que a cidade lhe oferecia, aos dezoito anos de idade, seguiu um irmão que morava no Rio de Janeiro, onde ficou por dois anos, trabalhando de trocador de ônibus: “A minha grande escola foi a cidade maravilhosa. Ali aprendi a guiar e  tirei carteira de habilitação. No retorno a Mossoró comprei um carrinho velho e trabalhei de motorista de táxi, no Posto Santa Luzia, por cinco anos”, lembra.
          Do táxi, Zé Mendes foi trabalhar de motorista de caminhão e percorreu boa parte do país. Mas, em 1974, resolveu se estabelecer no ramo de açúcar, negócio que mantém até hoje: “Logo que fui para a estrada, comecei a comprar açúcar de pouquinho, de carradinha, e fui entrando nesse mercado numa dificuldade muito grande. Estabeleci com um comerciozinho pequeno”, desabafa.  Outros produtos foram acrescentados como feijão, milho, arroz, mas vendendo tudo em atacado. Hoje esses produtos saem com a marca Dona Júlia, em homenagem a sua mãe.
         Bem casado com a dona de casa, Lourdinha, pais de quatro filhos, todos engajados nas empresas. Uma vez que estava bem estabelecido e bem sucedido no ramo de atacado, Zé Mendes resolveu há três anos entrar para o ramo de combustível. Com a abertura de um posto de gasolina em Natal, descobriu que lá o gás de cozinha era bem abaixo do comercializado em Mossoró, com uma diferença de até dez reais por botijão: “Despertei a curiosidade por tamanha diferença de preço e não tive outra alternativa a não ser a de trazer gás de cozinha mais barato”, conta. “Não é fácil entrar nessa briga como entrei. O povo  não tinha nem opção porque montaram aqui uma cartelização de gás.  Comecei a trazer o botijão para Mossoró e encontrei certa resistência de fornecedores. Graças a Deus tenho tido sucesso, aliás, a população de Mossoró, pois o resultado está aí, o botijão hoje é vendido a pouco mais de vinte reais. E nunca mais eles - os representantes do Gás Butano - ganharam muito dinheiro, não. Estão ganhando pouco dinheiro porque limitei eles a ganhar pouco dinheiro. Quando querem subir, eu faço eles baixarem. Não tenho interesse em ganhar dinheiro com botijão de gás, mas em trazer benefícios para a população. Eles ganharam muito dinheiro com gás de cozinha em Mossoró porque não tinham pena do bolso do povo”, provoca.  Na última sexta-feira, dia 21, Zé Mendes anunciou o preço do botijão a R$ 19,00.              
         Se dizendo fã de emissoras de rádio AM, Zé Mendes vem atuando em algumas emissoras há oito anos, quando iniciou participando por telefone, dando opiniões no programa de Carlos Nascimento, na Radio Difusora. Já questionava os assuntos da cidade e teve um retorno imediato através dos amigos e clientes.  Daí partiu para uma participação maior no programa de Stam Botelho, na Rádio Tapuyo. Depois passou a participar por telefone com o locutor Júlio José, na Radio Libertadora. Resolveu comprar um horário noturno na mesma emissora, mas só durou um mês.
         Há pouco mais de um mês comprou um horário na Radio Difusora, para a qual pagou um ano adiantado, patrocinado pelas suas empresas e de alguns amigos. A Voz do Povo, entra no ar a partir das 4 horas da madrugada, onde Zé Mendes ao lado do antigo companheiro da Tapuyo e agora assessor para assuntos contraditórios, Stam Botelho, comenta as notícias dos jornais e avisa que é uma revista da cidade, sempre com muito humor. No estúdio, ele se sente à vontade, apresenta o programa em pé, de frente para Stam Botelho, gesticulando como se estivesse num palanque: “Esse programa é particular! Aqui não puxo o saco de ninguém, não!”, repete ostensivamente.    
         O comerciante do ramo de automóveis Expedito Fernandes de Queiroz não perde um programa: “Minha mulher liga o rádio no quarto e não me deixa dormir mais. Fica rindo o tempo inteiro com os comentários de Zé Mendes”, disse. 
         Zé Mendes reconhece que tem enxergado muita coisa na cidade e reclama no rádio que a imprensa é omissa. De vez em quando passa um corretivo em algum jornalista com o mesmo desembaraço que conta a sua história pessoal. Na segunda-feira, dia 17, por exemplo, ele não gostou do comentário de um jornalista que, noticiando o aniversário da governadora Wilma de Faria, a chamou de ‘poderosa’. Zé leu a notícia no ar e ficou irado: “Ela – Wilma - é uma funcionária pública e não é mais do que ninguém, não! Daqui a quatro anos sai do poder e ninguém olha mais nem para ela. Ora, que besteira é essa, rapaz! Besteira também mata, rapaz! Você vir com uma besteira desse tamanho, chamar
‘p o d e r o s a’. Deixe de ser puxa saco! Comigo ninguém vai puxar saco, não! Escreva direito no seu jornalzinho, rapaz! Fique sempre com a verdade na frente. Me chame de poderoso para você ver o que vai acontecer...”
          Esse é o estilo Zé Mendes. O assessor Stam Botelho solta gargalhadas  com o chefe no ar.        
          Além de falar na rádio, Zé Mendes confia no seu marketing pessoal, contando com uma estrutura de carro de som próprio, onde circula pelas ruas da cidade, falando ao microfone: “Saio fazendo a minha propaganda de gás de cozinha e às vezes termino em comício, falando de política. Um dia cheguei no Conjunto 30 de  Setembro e disse: ‘Gente, aqui mora muito jornalista e radialista, mas esse lixo, esse buraco e essa falta de segurança aqui, mas ninguém diz nada...”, provocou.  
          Dizendo-se um homem bem informado, procura ler mais nos finais de semana. Zé Mendes é consciente de seus limites, embora reconheça que tenha certa facilidade de se expressar no microfone. Os limites pelos quais Zé Mendes se refere vão desde expressões gramaticais e tiradas do tipo: “Estou me perparando para ser prefeito de Mossoró”; “Tenho muito conhecimento com os probremas da cidade”;  “Vou mostrar tintinho por tintinho as coisas que estão fora do esquadro”; “Já vendi muito calvão nas ruas de Mossoró”, “É mais fácil encontrar uma agúia no fundo do mar do que um Rosado sentado na prefeitura depois de 2004”; “Vou cuidar das preriferias de Mossoró”.
          Zé Mendes se orgulha da amizade que teve com o falecido prefeito Dix-Huit Rosado e de vez em quando lembra o velho alcaide. Numa dessas desabafou: “A ESAM era os olhos da noiva dele”. Ou seria ‘a menina dos seus olhos?’. Para os intelectuais e para quem possa duvidar de sua honestidade ele avisa no rádio: “Minha vida está resolvida, bem engomadinha. Não tenho o que recramar”. Sobre a falta de incentivo a novas indústrias na cidade ele solta: “Faz trinta anos que Mossoró não abre nem uma fábrica de din din”.  
          Com sua simplicidade justifica-se: “Não tive oportunidade de aprender. Naquela época a gente só aprendia a ler”, lamenta.  Mesmo com tantas limitações como faz questão de registrar, regozija-se quando enumera pessoas importantes que já entrevistou, como os ex-governadores Cortez Pereira e Lavoisier Maia; o reitor Walter Fonseca; deputada federal, Sandra Rosado; e mais recentemente o advogado e presidente do IPE, Paulo Linhares. Durante o programa, Paulo Linhares lhe rasgou elogios: “O Zé é uma figura. É um homem que se construiu, que continua construindo em Mossoró, inclusive esse programa A Voz do Povo, tem muito com o seu carisma e sua força. O Zé é um homem sincero, que diz o que pensa. Mossoró se sentiria honrada se tivesse em seu comando um homem da estirpe de Zé Mendes na prefeitura”, disse Paulo Linhares durante o programa, justificando que o mesmo é um homem de bem, que tem todos os predicados para dirigir Mossoró.
             O assessor Stam Botelho comenta no ar: “Eu às vezes até me preocupo com o Mendes, porque ele diz o que pensa e, na realidade, no rádio, a gente tem que pensar o que vai dizer. A gente sabe da responsabilidade que é falar em rádio”, resume.        
           Zé Mendes alimenta o sonho de um dia entrevistar a prefeita Rosalba Ciarlini, mas acha que a mesma não vem. Como seu programa não tem produção, ele convida através do programa, no ar.       
           Zé Mendes que recebeu no ano passado o título de Cidadão Mossoroense, comenta que as críticas são as armas do incompetente: “A inveja está em todas as áreas. Mas isso é porque sou candidato a prefeito. Tenho tido um bom retorno do povo, que me ouve no rádio, que se encontra comigo nas ruas. Sei que dizem ‘Como é que aquele homem vai ser prefeito? Não tem estudo’. Eu digo: Não tenho estudo, mas tenho vergonha. Se eu pegar o dinheiro do povo, não vou roubar, não! Quando eu pegar real por real deste município, vou prestar conta para o povo como nunca foi feito antes”, avisa.              
           Como hoje a dificuldade de emprego é grande, ele reclama que a dificuldade maior é encontrar gente preparada para trabalhar: “Parece que não têm tempo. Tenho um carinho muito grande com esse povo, dou a maior atenção em receber gente desempregada, atender esse povo, porque não tem coisa mais ruim no mundo do que você sair de casa, saber que está desempregado, e vai retornar dizendo que não encontrou um emprego, um trabalho. Isso é muito ruim. Como é que você pode ter uma vida honrada se não tem um emprego, né?”, questiona. “Se eu hoje tivesse o segundo grau, como muita gente que chega pedindo emprego, eu era o dono do mundo, porque eles não sabem nada, nem fazer uma continha numa bomba de gasolina”, lamenta.  
            Sobre a família Rosado, oligarquia que comanda a cidade há mais de cem anos, Zé Mendes comenta: “Não poderia dizer que a família Rosado nunca trabalhou. Trabalhou. Uma família boa, nobre na cidade. Tem feito muito por Mossoró. Estaria cometendo uma grande injustiça se não reconhecesse isso. Só que eu vou fazer muito mais do que eles. Não sou mais do que um trabalhador braçal”, finaliza.                   


Zé Mendes continua apresentando A Voz do Povo, na Rádio Difusora, de segunda a sexta, das 6 às 7h30, com a participação dos radialistas Carlos Nascimento e Leda Costa.

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